terça-feira, janeiro 15, 2019

Aparição


VERGÍLIO FERREIRA
capa de Sebastião Rodrigues

Lisboa, 1960 (Junho)
Portugália Editora
2.ª edição
19,3 cm x 13 cm
292 págs.
exemplar muito estimado
50,00 eur (IVA e portes incluídos)

Segundo João Gaspar Simões, em palavras suas que o editor puxou para a badana, este romance é um caso «[...] tão extraordinário que vale a pena compará-lo com o desse outro romance a que a nossa literatura deve a implantação do realismo em Portugal. De facto, na minha opinião, a “réussite” de Vergílio Ferreira só é comparável com a de Eça de Queirós ao escrever a primeira versão de O Crime do Padre Amaro
Do livro, uma passagem:
«[...] Acendo um cigarro, fico-me a olhar o incêndio. Lembra-me imagens da guerra, de cidades bombardeadas. Alguém deve ir pegando o fogo por sectores, estabelecendo linhas de chamas que o vento vai impelindo. O campo arde vastamente, como numa destruição universal. Quase ouço o crepitar das chamas como o fervor final de uma inundação. Sinto-me só e nu, escapado ao desastre. Mas esta nudez que eu algum dia julguei possivelmente coberta pela compreensão dos outros, esta redução extrema às minhas raízes, esta solidão inicial de quem não pode esquecer a sua pobre condição é o sinal humilde e amigo de que à vida que me deram a não repudiei, de que cuidei dela, a não perdi, a levo comigo nesta viagem breve, a aceito ao meu olhar de fraternidade e perdão... A noite avança, a minha cidade arde sempre. Vou fundar outra noutro lado. Mas não sabia eu que ela devia arder? Acaso será possível construir uma cidade como a imagino, a Cidade do Homem? Acaso não dura ela em mim, no meu sonho, apenas porque a penso sem consequências, a imagino, a não vivo, lhe não exijo responsabilidades? Não o sei, não o sei...»

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