CLAUDIO JOSÉ NUNES
Lisboa, 1870
Typographia de Francisco Xavier de Sousa & Filho
1.ª edição
20,5 cm x 13,1 cm
96 págs.
subtítulo: Estudo
politico dedicado ás classes que pensam, que possuem e que trabalham
exemplar estimado; miolo limpo, por abrir
peça de colecção
22,00 eur (IVA e
portes incluídos)
Violento libelo contra os protagonistas do período histórico
que ficou conhecido por saldanhada.
Todavia, o seu poder de caracterização dos males que sempre afectaram a nação e
dos homens que por cá granjearam lugares de poder é de uma actualidade
angustiante... O modesto poeta romântico panfletário das Cenas Contemporâneas e deputado pelo Partido Progressista
Histórico, Cláudio José Nunes (1831-1875), no meio de uma catilinária feroz, deixa no ar um aviso de extrema
evidência:
«[...] Fallido o thesouro, é natural que essa fallencia
arrastasse a grandes difficuldades a maioria dos estabelecimentos de credito.
Dado isto, a ramificação do desastre chegaria á mais solitaria cabana e ao mais
obscuro balcão.
Tanto no espelho dourado dos salões da opulencia, como no
barro vidrado da baixella do pobre, se reflectiria algum gesto de tristeza ou
de angustia.
O luxo retirar-se-hia diante da parcimonia. A parcimonia
diante do constrangimento. O constrangimento diante da fome.
Porque, não vos illudaes, o paiz vive em grande parte á
sombra do estado.
Morto este pela fome, a fome de uma parte do paiz sairia
directamente d’essa ligação apertadissima. [...]
Qual seria a depreciação de todos os valores actuaes pela
raridade, e, portanto, pela carestia da moeda cunhada? [...]
Não é a venda da herança por um prato de lentilhas; é a
venda do patrimonio por um espectaculo de horrores.
A bancarrota é o prejuizo material multiplicado pelo
sobresalto do espirito [...]»
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