VITORINO NEMÉSIO
capa de Escada
Lisboa, 1961
Livraria Morais Editora
1.ª edição
20,2 cm x 15,7 cm
152 págs.
exemplar como novo, sem qualquer sinal de quebra na lombada
40,00 eur (IVA e
portes incluídos)
Edição conjunta dos livros La Voyelle Promise, O Bicho
Harmonioso e Eu, Comovido a Oeste,
a que Nemésio, a pedido do editor, juntou uma notável ars poetica:
«[...] Que sabe o poeta sobre a sua própria poesia senão o
que disse nela?
Nesta pergunta formulámos o problema da validade da autocrítica,
adiantando uma resposta aparentemente negativa. Podemos agora avançar que a
poesia fala ao seu autor na mesma linguagem que a outrem. Tem-no diante do dictum como a qualquer leitor que com ele
se defronte. Mas há uma diferença capital nestas duas situações da relação
comunicativa e hermenêutica. Enquanto o poema fala ao leitor a ele estranho originàriamente – isto é, de improviso
ou, quando muito, no pressuposto de outros poemas do mesmo autor já notórios ao
intérprete, – dirige-se originalmente ao próprio de que tomou surto ou origem
e, assim, como rio que tornasse às suas fontes, revolve e comove mananciais
psíquicos idênticos ou contíguos àqueles de que brotou.
Se a estranheza do poema é absoluta para o leitor a ele
alheio, ou apenas relativizada por outra e prévia entrada do intérprete na intimidade
expressional do poeta, é para este relativa apenas à nova posição que ele toma,
como leitor, ante o seu. Na medida em
que o poeta sustém a sua defrontação com o próprio poema como coisa conclusa e
pretérita, os sinais que dele recebe o esclarecem. Falam ao mesmo dele mesmo.
Por eles o poeta se confere. Neles reconhece os traços de si e do seu mundo,
que só uma conjunção passada, fixando-se no verbo, apuraria. [...]»
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