MANOEL BERNARDES,
padre
da Congregaçaõ do Oratorio de Lisboa
Lisboa Occidental, 1726
Na Officina de Miguel Rodrigues
[4.ª edição (segundo Inocêncio)]
2 tomos (encadernados em 1 volume) (completo)
15,3 cm x 10,3 cm
220 págs. + 2 págs. + 198 págs.
subtítulo: Ajuntaõ-fe
hũa vifaõ notavel, que huma ferva
| de Deos teve dos tormentos do Inferno, e hu- | mas Meditações fobre os Noviffimos
encadernação da época inteira em pele, com nervuras e
gravação a ouro na lombada
corte marmoreado
exemplar em bom estado de conservação, discretos restauros à
cabeça das págs. 159 a 176 sem afectar a mancha de texto; miolo limpo, papel
sonante
dedicatória de Ayres de Carvalho na folha de resguardo do verso da capa anterior
dedicatória de Ayres de Carvalho na folha de resguardo do verso da capa anterior
250,00 eur (IVA e portes incluídos)
Dizem-nos António José Saraiva / Óscar Lopes (ver História da Literatura Portuguesa, 15.ª
ed., Porto Editora, 1989):
«[...] Nascido de uma ligação
irregular, talvez de pai judeu, recebeu ordens sacras e professou em 1674 na
Congregação do Oratório de S. Filipe Néri, que o padre Bartolomeu do Quental
trouxera para Portugal seis anos antes e que tão grande papel desempenhará nas reformas
pedagógicas do séc. XVIII entre nós. [...]
Ideologicamente, e apesar da sua
vasta informação literária e teológica, a obra de Bernardes é a de um cristão
simples, sem problemas filosóficos, a quem a vergonha materna, as leituras
ascéticas e o confessionário inculcaram a ideia de que o mundo secular está
profundamente corrompido. Na sua prosa macia, com uma delicadeza eufemística e
dir-se-ia que voluptuosa, perpassam abundantes casos que dão da mulher, mesmo
da mãe, irmã ou freira, o juízo mais pessimista. Mas ao lado dessa podridão, de
cujo contacto Bernardes afasta habilmente a fímbria da sua prosa imaculada, o
mundo foi e é sempre, para ele, um teatro de constantes e ininterruptos
prodígios miraculosos. [...]
Não se lhe pode, no entanto, contestar
certa perspicácia psicológica em todas as fases dos exercícios de ascese ou de
expansão mística. São sensíveis as suas afinidades com a mística quietista,
pela importância que atribui à contemplação extática, embora evite as teses, entretanto
condenadas, de Molinos, assim como as dos Alumbrados.
Contudo o grande mérito de
Bernardes é o de artista da prosa narrativa. As explicações didácticas, as
análises doutrinais que, sobretudo nos tratados ascéticos, se carregam do
lastro, para nós incómodo, das citações escriturárias, patrísticas,
escolásticas ou literárias, revelam já o estilista; mas é quando procura
atingir o grande público através de narrativas muito chãs e impressivas,
seguidas de comentários moralistas, que Bernardes revela os seus melhores dons
artísticos. [...]»
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