NUNO DE MONTEMOR
pref. Manuel, Arcebispo de Évora
Lisboa, 1928
Tip. da «União Gráfica»
1.ª edição
19,4 cm x 14,2 cm
384 págs.
exemplar estimado, pequenos falhas na lombada; miolo limpo
27,00 eur (IVA e
portes incluídos)
A nota prefacial a este livro, da autoria de D. Manuel
Mendes da Conceição Santos, constitui notável exemplo de indesejada solicitação
a depoimento, redigida na retórica beata recomendada pela Igreja aos seus
agentes, mas de insofismável ignorância na matéria e desconforto no elogio.
Abre assim:
«Ao enviarem-me da casa editora as folhas do novo livro de
Nuno de Montemor, parte ainda em prova, recomendaram-me presteza nas palavras
que houvesse de escrever á guisa de prefácio, porquanto urgia lançar o livro no
mercado. Ora eu, atarefado como ando com variados trabalhos, não posso nesta
altura percorrer com a devida atenção os diversos capitulos da obra, para dela
me inteirar conscienciosamente.
Nada se perde por isso: fraco apreciador de belezas
literarias, devo reconhecer em mim uma incompetencia especial quando se trata
de romances, genero que não cultivei nunca e de que por conseguinte só posso
falar como curioso. [...]
Não farei apreciação literária nem artistica; Nuno de
Montemór tem o condão de interessar pelos seus escritos os actuais mestres da
lingua, e êles a farão, se quiserem.
Por mim, gósto de estudar as obras literárias pelo lado
moral, pois estou intimamente convencido de que uma obra prima de literatura, e
em geral toda a produção artistica, faz muito bem ou muito mal, porque actua
directamente sobre a sensibilidade, e imperceptivelmente arrasta o espírito na
corrente que incarna, ou de alta inspiração virtuosa ou de baixa tendencia
animalesca. [...]»
E segue dizendo que, apesar de insensível ao estilo, gosta
da obra no aspecto em que a dita tenta repor a religião no lugar que ocupava
antes da expulsão republicana das congregações, o que, diga-se de passagem, tem
mais de político do que de moral...
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