segunda-feira, maio 04, 2015

Terra de Harmonia



CARLOS DE OLIVEIRA

Lisboa, 1950
Centro Bibliográfico
1.ª edição
19,2 cm x 13,6 cm
64 págs.
composto manualmente em Elzevir
exemplar em bom estado de conservação; miolo limpo
carimbo de posse no ante-rosto
90,00 eur (IVA e portes incluídos)

Na sua geração, aquela que se designa por neo-realista, é Carlos de Oliveira o escritor nuclear, tanto na prosa como na poesia. E assim é um escritor exemplar, porque levou o seu instinto de depuramento da escrita a extremos radicais. Se o domínio da arte poética o fez levar a escassez retórica para dentro da prosa (ver Finisterra, já perto do fim da vida), o seu trabalho de revisão constante dos romances inequivocamente contaminou o ofício dos versos, pondo-os a salvo dos perigos naturais da tendência liricista menor na poesia portuguesa. O vertente livro saía dessa lamúria tradicional com alguns exemplos que fizeram escola, inclusivamente ao serem devolvidos ao universo da canção popular donde haviam partido, como seja o poema «Livre» (mais tarde suprimido pelo poeta – talvez cansado de o ouvir na rádio, ou de ouvir, talvez, aquilo que a voz de um intérprete sempre acrescenta aos versos alheios) – aquando da segunda oportunidade de reunir o seu trabalho poético):

«Não há machado que corte
a raiz ao pensamento:
não há morte para o vento,
não há morte.

Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida,
sem razão seria a vida,
sem razão.

Nada apaga a luz que vive
num amor, num pensamento,
porque é livre como o vento,
porque é livre.»

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