sábado, abril 11, 2020

Evora Antiga



ANTONIO FRANCISCO BARATA

Évora, 1909
Minerva Commercial, de José Ferreira Baptista
1.ª edição
21,8 cm x 15,6 cm
240 págs. + 16 folhas em extra-texto
luxuosa encadernação em meia-francesa com cantos em pele, gravação a ouro nos remates da pele e na lombada
aparado e carminado somente à cabeça
conserva as capas de brochura
exemplar em bom estado de conservação; miolo irrepreensível
ostenta colado no verso da pasta anterior o ex-libris de Fernando Alves Barata
90,00 eur (IVA e portes incluídos)

Inocêncio Francisco da Silva refere António Francisco Barata, nestes termos, no seu Diccionario Bibliographico Portuguez (vol. VIII, Imprensa Nacional, Lisboa, 1867):
«[...] natural da villa de Góes, districto de Coimbra, e nascido no 1.º de Janeiro de 1836. Não conheceu seus paes, e creado nos braços da indigencia recebeu apenas os primeiros elementos da instrucção primaria; porém como fosse dotado de natural ingenho, começou a supprir do modo que lhe era possivel a falta de estudos regulares por uma assidua applicação aos livros, aproveitando nella todos os intervallos, que lhe deixava livres a profissão de barbeiro e cabelleireiro, que aprendeu em 1848, e ainda agora exerce na cidade de Coimbra. [...]»
Brito Aranha, o continuador desse mesmo Diccionario, vai mais longe (vol. XX, Imprensa Nacional, Lisboa, 1911):
«[...] Quando o erudito lente da Universidade de Coimbra, já fallecido, dr. Augusto Filippe Simões, de quem ainda tratarei neste Dicc., foi para Evora em commissão dirigir a importante bibliotheca daquella cidade, ligado por amizade a Antonio Francisco Barata, avaliando lhe as qualidades e o merecimento revelado em diversas publicações, levou o em sua companhia e ali o empregou, e nessas funcções, pela ancia de aprender e saber, desenvolveu com bom fructo o seu amor ás letras. Exerceu, pois, por muitos annos e com applicação modelar as funcções de conservador na mesma bibliotheca, que necessita de quem a trate com desvelo para a conservação das preciosidades que encerra.
No exercicio desse emprego, Antonio Francisco Barata accumulou as de adjunto no observatorio meteorologico e de escrivão dos casamentos na camara ecclesiastica.
Nos descansos, que eram poucos e curtos, do incessante labutar, e no meio de desgostos intimos que lhe amarguraram a existencia, não deixou de manter como podia e com a melhor vontade, a correspondencia com alguns homens mais distinctos e mais estudiosos, que admiravam e applaudiam nelle o talento, a applicação e a força de vontade, que venceram muitos desgostos e contrariedades. Saiu depois do serviço effectivo da bibliotheca de Evora, como aposentado, por divergencias com a sua direcção, segundo constou. Entre os amigos de elevada posição que favoreceram este escriptor na sua carreira, além do dr. Augusto Filippe Simões, elle contava com a dedicação dos conselheiros dr. Augusto Cesar Barjona de Freitas, Thomás Ribeiro, dr. Rodrigo Velloso e Gabriel Pereira. [...]
Foi vereador da camara municipal de Evora. Falleceu nesta cidade aos 23 de março 1910, contando 74 annos de idade. Em varios periodicos appareceram artigos necrologicos honrando a memoria deste estudioso e talentoso escriptor e poeta. Por minha parte, mui sinceramente e com profundo sentimento registo a dor que me causou a noticia da sua morte. Eu, como amigo, e este Diccionario devemos lhe finezas que não é possivel esquecer.
Dias antes do obito e sentindo nas visceras arruinadas não longe o termo fatal da existencia, escrevera para Coimbra a um velho e dedicado amigo, dizendo lhe amargamente: “Está a acabar a festa!” [...]»
Legou-nos Francisco Barata uma boa centena de escritos, o que não está nada mal, em matéria de cultura e erudição, num ex-barbeiro autodidacta!...

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