capa de Espiga Pinto
Lisboa, Maio de 1968
Editora Ulisseia Limitada
impresso na tipografia do «Jornal do Fundão» de António Pauloro
1.ª edição
187 mm x 123 mm
220 págs.
reproduz na badana uma das raras fotografias do Autor
exemplar muito estimado; miolo irrepreensível
PEÇA DE COLECÇÃO
420,00 eur (IVA e portes incluídos)
Trata-se do livro mítico que HH tentou, ao longo dos anos, fazer desaparecer da sua bibliografia. Apreendido pela polícia in situ na casa editora, poucos volumes sobreviveram, quer à rusga quer ao próprio Autor. Hoje em dia – após um árduo percurso de escassa circulação clandestina – aqueles que surgem à venda são quase sempre os mesmos exemplares, que têm vindo a passar de mão em mão dos coleccionadores.
Exactamente devido a um historial assim, o renegado livro mereceu do poeta Manuel de Freitas um estudo que a casa & etc tornou público: Uma Espécie de Crime: Apresentação do Rosto de Herberto Helder (Lisboa, 2001).
Na época, a poucos dias de surgir o livro no mercado, HH respondia assim a uma entrevista conduzida por Maria Teresa Horta (A Capital, suplemento «Literatura & Arte», Lisboa, 10 de Abril de 1968):
«Com uma nova alegria no rosto, uma nova confiança nas suas palavras, Herberto Hélder fala-nos pausadamente, responde sem hesitações.
– Diz-se que tem um romance a sair brevemente, é verdade?
– Não é um romance. Pelo menos se considerarmos as noções do romance tradicional... É antes uma montagem de textos de natureza autobiográfica, tendo uma unidade subjacente de sentido e uma unidade evidente de estilo.
[...] A necessidade de escrever prosa parece ter-me surgido durante certo tempo de experiências muito concretas cuja essência eu ainda não apreendera, mas cujo carácter muito concreto e imediato pedia que fosse expresso. A poesia, para mim, não me parecia o melhor meio de revelar esta experiência e dela me libertar. Além disso, um ritmo novo aparecera na minha linguagem. Eu não sabia como adaptá-lo ao que considerava o meu ritmo pessoal de poema. [...]»
Surgia, então, este livro num momento em que, por assim dizer, o Autor encerrava um ciclo, e que se resumia à edição, também então recente, da sua “poesia toda” sob o título Ofício Cantante (Portugália Editora, Lisboa, 1967). Ou, como diz o próprio:
«[...] Atravessei depressa a juventude.
Tinha duas coisas – a alegria e o terror.
Percorri-os sem tomar fôlego.
Quando cheguei ao outro lado, encontrava-me em frente da maturidade – estupefacto. [...]»