segunda-feira, janeiro 28, 2019

Estudos de Economia Nacional – I. O Problema da Emigração


AFFONSO COSTA

Lisboa, 1911
Imprensa Nacional (Edição do autor)
1.ª edição
21,5 cm x 15,3 cm
188 págs.
subtítulo: Dissertação de concurso á cadeira de Economia Politica na Escola Polytechnica de Lisboa
exemplar estimado, restauro na lombada; miolo limpo
45,00 eur (IVA e portes incluídos)

Eis um documento que dá que pensar. Um republicano de gema, que poderia hoje militar nas fileiras de qualquer partido socialista, conclui o seu estudo – acerca de um povo que, na miséria mais abjecta, se vê coagido a ir procurar o sustento em terras estrangeiras – com palavras que bem conhecemos pela boca do neo-liberalismo actual:
«[...] Combatamos esta depreciação do factor migratorio, que o é ao mesmo tempo do país por traduzir a expatriacão de familias inteiras, e logo o algarismo das remessas annuaes do Brasil, que atrás calculámos em mais de 20:000 contos, aumentará numa forte e rapida proporção. Comprehende-se com effeito que é quando a familia do emigrante fica na patria que elle envia mais regularmente as suas economias.
Assim o interesse do Estado coordena-se com o do emigrante. Se agora, soffrendo elle os horrores da miseria, apesar d’isso contribue tão poderosamente para salvar as nossas finanças, amanhã, quando a emigração for cuidadosamente regulada e o instrumento de progresso e de riqueza, que é o emigrante, fôr protegido e assistido com carinho, quanto desenvolvimento não terão as forças que agora estão apenas actuando expontanea e desordenadamente?!
Ainda uma vez, apura-se que a raça é boa. O povo é cheio de virtudes. Só a administração era pessima. Eis aqui um phenomeno, que os governos não se limitavam a desdenhar, como faziam a tantos outros: repelliam-no, suscitavam iras contra elle, dispunham tudo para que fosse prejudicial. Pois bem. Apesar d’esse desprezo e má vontade, apesar d’essa selecção ao inverso, foi esse phenomeno da emigração que nos salvou, ou antes, que deu tempo ao povo português para que, encontrando a sua formula de constituição politica definitiva, a si proprio se salvasse.
Seja, pois, a emigração a pedra de toque dos novos governos na sua obra de resurreicão da patria!»

pedidos para:
telemóvel: 919 746 089