AFFONSO COSTA
Lisboa, 1911
Imprensa Nacional (Edição do autor)
1.ª edição
21,5 cm x 15,3 cm
188 págs.
subtítulo: Dissertação
de concurso á cadeira de Economia Politica na Escola Polytechnica de Lisboa
exemplar estimado, restauro na lombada; miolo limpo
45,00 eur (IVA e portes incluídos)
Eis um documento que dá que pensar. Um republicano de gema,
que poderia hoje militar nas fileiras de qualquer partido socialista, conclui o
seu estudo – acerca de um povo que, na miséria mais abjecta, se vê coagido a ir
procurar o sustento em terras estrangeiras – com palavras que bem conhecemos
pela boca do neo-liberalismo actual:
«[...] Combatamos esta depreciação
do factor migratorio, que o é ao mesmo tempo do país por traduzir a expatriacão
de familias inteiras, e logo o algarismo das remessas annuaes do Brasil, que
atrás calculámos em mais de 20:000 contos, aumentará numa forte e rapida
proporção. Comprehende-se com effeito que é quando a familia do emigrante fica
na patria que elle envia mais regularmente as suas economias.
Assim o interesse do Estado
coordena-se com o do emigrante. Se agora, soffrendo elle os horrores da miseria,
apesar d’isso contribue tão poderosamente para salvar as nossas finanças, amanhã,
quando a emigração for cuidadosamente regulada e o instrumento de progresso e
de riqueza, que é o emigrante, fôr protegido e assistido com carinho, quanto
desenvolvimento não terão as forças que agora estão apenas actuando expontanea
e desordenadamente?!
Ainda uma vez, apura-se que a raça
é boa. O povo é cheio de virtudes. Só a administração era pessima. Eis aqui um
phenomeno, que os governos não se limitavam a desdenhar, como faziam a tantos
outros: repelliam-no, suscitavam iras contra elle, dispunham tudo para que
fosse prejudicial. Pois bem. Apesar d’esse desprezo e má vontade, apesar d’essa
selecção ao inverso, foi esse phenomeno da emigração que nos salvou, ou antes,
que deu tempo ao povo português para que, encontrando a sua formula de
constituição politica definitiva, a si proprio se salvasse.
Seja, pois, a emigração a pedra de
toque dos novos governos na sua obra de resurreicão da patria!»
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