ARTUR PORTELA FILHO
Lisboa, 1962
Guimarães Editores
1.ª edição
189 mm x 125 mm
304 págs.
exemplar muito estimado; miolo irrepreensível
VALORIZADO PELA DEDICATÓRIA MANUSCRITA DO AUTOR E PELO APONTAMENTO DAS
CORRESPONDÊNCIAS DE NOMES DOS PERSONAGENS DA FICÇÃO PARA O REAL
peça de colecção
60,00 eur (IVA e portes incluídos)
Após notados livros de contos, este é o seu primeiro romance. Um romance
passado no ambiente da redacção de um jornal, que Portela Filho bem conheceu
por via do seu exercício profissional. Dele lembra o próprio autor em
entrevista a Francisco José Viegas difundida pela Antena 1 [programa Escrita
em Dia, 23 de Março, 2004]:
«[...] O Código de Hamurabi correspondia ao jornalismo dos
anos 50, primeiros anos de 60, jornalismo de papel. Bairro Alto, Rua Luz
Soriano, rotativas antigas, rivalidade com o Diário Popular...
O Diário Popular, com uma máquina muito mais acelerada e muito mais
moderna, a do Diário de Lisboa mais romântica e mais asmática.
Tanto e de tal maneira que nós estávamos à varanda, os repórteres, os
redactores, tentando ouvir: “Eles já dispararam com a máquina?!” Porque, com os
horários dos comboios, era fatal para nós, não é? Bom, mas era um jornalismo
romântico, literário, político, mas veladamente político – assim o impunha a
censura. Mas também era o estilo da época, não é? Um jornalismo que ia dali
para as ceias e para os teatros e para os cafés. Que acabava, fechava o jornal,
afastava as secretárias e fazia uma sala de armas, esgrimia ali dentro!...
Ainda é da tradição do meu pai, apanhei ainda essa ponta final, fui colega de
jornalistas notabilíssimos, o Norberto de Araújo, um homem muito a ligado a
Lisboa, o Rogério Peres, El terrible Perez, um homem ligado aos touros, e por
aí fora, grandes jornalistas, o Mário Neves, o Ribeiro dos Santos, o Norberto
Lopes, o padre Joaquim Manso, padre que foi o primeiro director do Diário
de Lisboa. Era uma redacção muito viva, muito notória, com muitos afluentes
culturais, artísticos. Entrava o Almada, saía o Botelho, havia ilustrações
ilustres, a crítica era o Gaspar Simões. Realmente um viveiro cultural,
político, etc., mas romântico. E os jornalistas eram os protagonistas. [...]»
Roman à clef, portanto, este Código merece algumas pistas para a
decifração, algo que o proprietário do vertente exemplar prestavelmente se
encarregou de anotar na página de ante-rosto, assim:
«Bernardo Barros = Baptista-Bastos; Sandra = Natália Correia; Horácio = Manuel
de Lima; Penha = Tomás Ribas; Pompeu = Urbano T. [Tavares] Rodrigues; Penalva
Castro = Paço d’Arcos; Canossa = Augusto Abelaira; Lino Oliveira Braga = L. [Luís
de] Oliv. [Oliveira] Guimarães; Forjaz = José Palla e Carmo; Olavo = Joaquim Namorado;
Vouga Santos = Veiga Pereira; padre (pág. 56) = padre Agostinho Veloso».
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