WILLIAM FAULKNER
trad. de Mário Henrique Leiria e H. Santos Carvalho
prefácio e revisão de Luís de Sousa Rebelo
capa de Infante do Carmo
Lisboa, s.d. [1960]
Portugália Editora
1.ª edição
21,7 cm x 15,1 cm
304 págs.
exemplar estimado; miolo limpo
20,00 eur (IVA e portes incluídos)
William Faulkner, norte-americano, fez da sua arte literária um processo de salvaguarda do caos e da ruína ética que vinha apoderando-se do seu país. Interessou-o, acima de tudo, um certo passado não muito distante, o dos pais, o dos avós. A própria fragmentação das suas narrativas configura um testemunho de grande violência, desenraizante do indivíduo em vésperas de se tornar multidão, antes mesmo de podermos considerá-la esteticamente moderna.
Terá algum dos personagens criados por ele o direito de reclamar para si o estatuto de vítima? Vítima do esboroamento das relações humanas no seio da família e, portanto, no caso deste romance (de 1928), microcosmos de um esclavagismo primário de grilheta e chicote.
Numa corrosiva transferência de saberes e actos vindos do topo (a figura colonial do pai branco ausentando-se no alcoolismo) para a base, são os filhos e os netos os protagonistas de todas as formas de contra-tradição, de degenerescência, dos primeiros indícios de miséria e refinamento da desordem nos costumes. Ódio, idiotia, roubo, incesto, prostituição, crueldade gratuita, neurose suicida, surgem a preencher o declínio do exercício do poder dos mais velhos e ocupam, qual totalitarismo alternativo, o vazio permitido nessa vacilante crise da autoridade. Ainda que isto seja exemplo do país fratricida, realmente ninguém pode arrogar-se vítima do tempo ou da hora, pois são os homens concretos que liquidam a oportunidade e os meios disponíveis.
Finalmente, é o universo doméstico da preta Dilsey que se faz ouvir, inspirado de uma consciência e de uma força moral imprevisíveis, diante dos patrões brancos a comportarem-se uns com os outros como verdadeiros selvagens.
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