sexta-feira, agosto 10, 2018

Reino Velho Com Emenda



ANTÓNIO BORGES COELHO
capa de Dorindo Carvalho

Lisboa, 1976
Diabril Editora, S. C. A. R. L.
1.ª edição
18,9 cm x 13,9 cm
136 págs.
exemplar estimado; miolo limpo
22,00 eur (IVA e portes incluídos)

Reunião de textos de cariz social interventivo, avulsamente publicados na imprensa periódica, que permitem ver o escritor envolvido para além dos seus vastos conhecimentos acerca da presença árabe no espaço que veio a tornar-se Portugal. Entre o muito que podemos aqui partilhar, ou não, em matéria de crítica de costumes e atitudes, um texto, por exemplo, de lamento pela destruição do Café Martinho (ao Rossio) nessa época (Maio de 1968, data o texto) em que sucursais bancárias enxotavam as pessoas dos seus locais de convívio público (... hoje são esses mesmos coios do dinheiro que estão a encerrar, deixando espaços vandalizados pelo capital à mercê dos ratos, lugar de esconderijo de outro género de bandidos e de toxicodependentes):
«Daqui a pouco, mais um tapume – como um grande “adesivo” de madeira – vai tapar as portas envidraçadas do Café Martinho e despedir os clientes que, através delas, olhavam para o Largo D. João da Câmara. Depois, arrancando o “adesivo”, surgirá (quem sabe?) um balcão frigorífico, um cofre, um guichet, no local onde Eça e Pessoa elevaram as suas vozes ou deixaram correr a imaginação. Na cave, entre livros e cigarros, quantos estudantes queimaram sonhos de juventude. Agora surgirão talvez os tais “sacos sujos” de notas de que falava um infante no seu parecer. [...]
Mas é o lisboeta quem mais sofre, cada vez mais empurrado para fora da Baixa por trespasses como este de onze mil contos, ao que se julga. [...]»

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