sexta-feira, janeiro 24, 2020

Casa da Malta



FERNANDO NAMORA
sobrecapa de Victor Palla
desenho na badana por Lima de Freitas


Lisboa, s.d. [1961 ?]
Editora Arcádia Limitada
5.ª edição
19 cm x 12,5 cm
240 págs.
subtítulo: Nova Edição com um Prefácio do Autor sobre a Situação deste Livro no Neo-Realismo
encadernação editorial com sobrecapa
exemplar muito estimado, sobrecapa empoeirada; miolo limpo
carimbo de posse no frontispício
22,00 eur (IVA e portes incluídos)

Apesar de tratar-se de uma edição bastante adiantada desta novela, o anunciado – logo sobre a portada – longo e histórico texto introdutório faz dela uma referência complementar da edição princeps. Também não por acaso editor e capista optam por uma réplica gráfica que constitui chamada de atenção para a capa original da Coimbra Editora em 1945... uma casa editora que, contando Oliveira Salazar entre os sócios fundadores, foi porta-estandarte do neo-realismo ortodoxo nos anos imediatos ao pós-guerra.
Do importante Prefácio do autor:
«[...] verificou-se que, no seu primeiro estádio, o novo humanismo pôs de lado as personagens burguesas, o cenário burguês, todo o farto e belo mundo das agruras sentimentais, dos problemas mundanos de consciência individual, da arte como divertimento, da arte deliciada e irresponsável, numa pressa de reabilitar as camadas sociais até aí mal prezadas pela literatura. Era o timbre salutar de todas as reacções que procuram gravar, sem demora, a sua mensagem e que, no empenho em reagir contra os excessos das precedentes, orientam-se de começo, também excessivamente, num sentido oposto. Mas quanto era legítimo esse empenho! A guerra fizera emergir, cruamente, realidades fundamentais até aí escamoteadas: a pobreza, a servidão, as lavas de um poder corrupto; as massas tomavam a iniciativa da sua promoção, forçando os muros da indiferença burguesa, com a qual o artista pactuava; este tinha, enfim, o ensejo de denunciar os compromissos com as classes favorecidas e, desse modo, o ângulo de focagem dos problemas, como a sua expressão, haviam de ser outros. Em vez dos sonhos e dramas de alguns, o artista era solicitado por uma realidade experimentada e sofrida pela maioria e esta descoberta estimuladora, cujo ardor mal doseado era uma espécie de rastilho da esperança, impelia a arte para os temas em que pudesse exercer, com mais eficácia, o seu papel reivindicador. Ora entre nós é o homem rústico que representa a panorâmica social mais caracterizável e mais urgente. Por aí, sensatamente, se começou; a partir daí, e no momento oportuno, os escritores neo-realistas alargaram a sua visão, desmentindo que fossem estreitas e boçais as suas fronteiras, tanto mais que o inventário só se elucida quando se contrastam o meio citadino e o meio rural. [...]»

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