ALFRED GROSSER
trad. Mário Cesariny
Lisboa, 1968
Editorial Estampa
1.ª edição
185 mm x 116 mm
252 págs.
subtítulo: A Imprensa
e o Nascimento duma Ditadura
exemplar muito estimado; miolo irrepreensível, por abrir
35,00 eur (IVA e portes incluídos)
Alfred Grosser, judeu franco-alemão nascido em 1925, é
aquilo que hoje pode definir-se como um “politólogo” (mas não daquele género
que parasita as televisões actuais de todo o mundo). Este seu notável livro, e
modelo de prova histórica, construído unicamente com uma colagem sequenciada de
recortes de jornal datados entre 1932 e 1933, mostra como só quem não quis é que não viu o que estava a passar-se – «as
reacções da imprensa diária perante a última etapa da ascensão de Hitler e
perante a sua instauração no poder»: «[...] Surpreendeu-nos verificar a que
ponto a simples justaposição de extractos de imprensa pode bastar à
reconstituição da trama dos acontecimentos. [...] nada de essencial escapou aos
jornalistas. Um observador que tivesse, em 1932 e 1933, folheado
conscienciosamente a imprensa internacional, poderia ter seguido com toda a
lisura o encadeamento dos factos. [...]
Evidentemente, muita coisa ficou por se saber nessa altura
[...]. Mas os jornalistas pressentiram sempre o que se estava tramando, as mais
das vezes encontraram o verdadeiro através do verosímil, reconstituindo o real
através do rasto perceptível deixado pelo acontecimento ocluso. [...]»
Claro que Gosser está aqui a referir-se a uma Imprensa ainda não tomada de assalto pelos nazis ou pelo seu ditado, uma Imprensa, quer interna alemã quer internacional, de antes de ser posta ao serviço da contra-informação e da manipulação do gosto e do pensamento dos leitores.