D. FRANCISCO MANOEL
DE MELLO
Lisboa Occidental, 1721
Na Officina de Mathias Pereyra da Sylva; & Joam Antunes
Pedrozo
1.ª edição
201 mm x 159 mm
20 págs. + 464 págs.
subtítulo: Obra
posthuma, & a mais Politica, Civil & Gallante, que fez feu Author.
Offerecida ao preclarissimo Senhor D. Antonio Estevam da Costa, Armador mór de
S. Mageftade, &c.
encadernação recente, inteira em pele marmoreada com
gravação de cariz romântico a ouro na lombada
muito pouco aparado
exemplar muito estimado; miolo limpo
ostenta três gerações de ex-libris:
JDP [?], no frontispício; Joaquim Pessoa, numa das folhas-de-guarda; e D. Diogo
de Bragança, VIII marquês de Marialva, no verso da pasta anterior
PEÇA DE COLECÇÃO
970,00 eur (IVA e
portes incluídos)
«Nascido em Lisboa no mesmo ano que António Vieira, D.
Francisco Manuel de Melo (1608-1666) é em Portugal a personificação mais
acabada da cultura aristocrática peninsular na época da Restauração. [...]
[...] o seu legado literário permite classificá-lo como um
dos polígrafos peninsulares que mais variadas facetas apresentam a exame.
Aliás, pelo bilinguismo como pela sua biografia, D. Francisco pertence a ambos
os principais patrimónios da Península.
[...] Em português redigiu os Apólogos Dialogais, que, entre três textos de crítica de costumes (Relógios Falantes, Escritório Avarento, Visita
das Fontes), contém o Hospital das
Letras, a primeira revisão crítica geral de autores literários antigos e
modernos que se conhece na nossa língua. [...]
[...] Os apólogos supõem uma enorme reserva estilística de
analogias metafóricas em torno de relógios, moedas e fontes. E assim, por
exemplo, na Visita das Fontes veste
de alegoria barroca o velho diálogo de Luciano de Samósata, para visar
sobretudon a engrenagem administrativa e judicial do tempo. [...]
Quanto aos dois restantes apólogos (Escritório Avarento e Relógios
Falantes), trata-se de uma evolução da novela picaresca segundo o modelo a
que também pertence o Coloquio de los
Perros de Cervantes: os relógios ou as moedas contam as suas acidentadas
autobiografias, de dono em dono, através das mais diversas classes sociais e
ocupações humanas, dando-nos uma vivissecção da sociedade contemporânea. São
duas obras-primas da observação avulsa de costumes. [...]» (Fonte: António José
Saraiva / Óscar Lopes, História da
Literatura Portuguesa, 15.ª ed., Porto Editora, Porto, 1989)