ALFRED JARRY
prefácios de Jean Saltas
capa sobre ilust. AJ [Alfred Jarry]
Paris, 1959 e 1953
Fasquelle Éditeurs
57.º milhar e 1.º milhar
texto em francês
texto em francês
164 mm x 126 mm (ambos)
2 x 192 págs.
exemplares estimados; miolo limpo, por abrir o do segundo
volume
iniciais de posse no frontispício do primeiro volume
47,00 eur (IVA e
portes incluídos)
Alfred Henri Jarry (1873-1907) «[...] previu vir a ser um
homem importante e gordo e, maire de uma pequena cidade, ver-se obsequiado
pelos bombeiros com loiça de Sèvres. Sou desses jovens que deviam abominá-lo.
[...] É preciso reconhecer que, no que toca a Jarry, a lição da nossa época
leva-nos a encará-lo com respeito. Nós, os que durante esta guerra atingimos os
vinte anos, isto é, a idade em que se começa a organizar a vida, devemos, ao
fazer isto, ter em conta realidades implacáveis. Para não termos dissabores
fomos levados a atribuir pouca importância a todas as coisas. E chegámos a
exigir dos nossos poetas, dos nossos filósofos o mesmo sacrifício. A tal
investida do racional, ninguém melhor que Jarry soube resistir.
[...] É evidente que lhe envenenaram a vida como a nenhum
outro. Foi em Ubu que ele materializou a sua visão do professor de física, um
ser torpe, estúpido e mau. [...]»
Jarry, após o sucesso da primeira representação de Ubu no Théâtre de l’Œuvre, perante um
público ignaro literalmente «convidado a ver o seu “ignóbil duplo”, [mas que]
preferiu tirar da peça uma moral do que havia nela de excêntrico», irá ele
próprio, Jarry, passar a assumir-se como um aristocrático Dom Ubu.
«[...] Um dia, num jardim de Corbeil, Jarry entretem-se a
desarrolhar champanhe a tiros de revólver. Para lá da cerca, a proprietária de
uma vivenda, que vigiava os filhos, acorre, provincianamente vestida, quando
algumas das balas se perdem pela propriedade, e apresenta-se com cerimónia. Faz
ver a locatária que não lhe alugou um campo de tiro, e acrescenta, muito digna,
que as suas crianças poderiam ter sido vítimas do jogo. “Ora, minha senhora,
que importância tem isso! – interrompe Jarry –, nós fazemos-lhe outras.” [...]
Morreu em casa do Dr. Saltas, à noite, com umas pantufas
calçadas, boné de pele na cabeça, e um sobretudo esfarrapado vestido. Na mão,
uma bengala de chumbo, pronto para uma investida com os seus dois revólveres. [...]» (Fonte: André Breton, Les Pas Perdus, Idées NRF – Gallimard,
Paris, 1970)