EÇA DE QUEIROZ
pref. A. Campos Matos
ilust. João Abel Manta
Lisboa, 1979
Edições «O Jornal»
1.ª edição [em brochura]
29,7 cm x 21 cm
20 págs.
ilustrado
impressão sobre cartolina heliográfica
acabamento com um ponto em arame
exemplar em bom estado de conservação; miolo irrepreensível
27,00 eur (IVA e
portes incluídos)
Originalmente publicada num periódico brasileiro, em 1892,
desconhecida por cá até 1977, data em que foi dada a conhecer nas páginas de O Jornal, é crónica importante, dado mostrar
como o jovem Eça socialista utópico dos vinte anos de idade não havia sido
ainda, já perto dos 50 anos, domesticado por uma vida familiar algo confortável
e mesmo burguesa. Texto que, embora sendo o primeiro da série temática postumamente
reunida sob o título Ecos de Paris,
lá não figura, e nos mostra um Eça nada adormecido, de pena apontada à sua
classe social:
«[...] O rico, enfim, conhece intimamente o pobre – e daí
nasceu, na nossa sociedade democratizadora e humanitária, esta ideia nova de
que o mundo por fim está deploravelmente equilibrado, que há riqueza
escandalosa de um lado e do outro miséria escandalosa, e que na verdade os
famintos têm direito de exigir e comer tudo o que sobra aos fartos. [...] Se
todos abominam a bomba de dinamite e o seu bruto destroço que não descrimina –
poucos há que não reconheçam secretamente a legitimidade do desespero
transviado que a arremessou. E os tempos chegaram em que Rothchild pensa
consigo que, se não fosse Rothchild, seria talvez Ravachol! [...]
A torre hoje oscila. Cada bomba anarquista pressagia a sua
queda atroadora. E os que a habitam tremem e gritam, não com medo da força da
bomba, mas com medo da fraqueza da torre, que eles todavia, insensivelmente,
obedecendo a impulsos superiores, cada dia abalam e mais desapreçam. [...]»
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