segunda-feira, março 15, 2021

Lisboa Antiga e Lisboa Moderna


ANGELINA VIDAL
[desenho do brasão por Jorge Boaventura]

Lisboa, 1900 [a 1903]
Livraria Moraes | Typographia da Gazeta de Lisboa
1.ª edição
28,5 cm x 21,5 cm
176 págs.
subtítulo no frontispício: Elementos historicos da sua evolução
subtítulo na capa: Historia desde a sua fundação até aos nossos dias – Acontecimentos historicos – Lendas e tradições – Monumentos – Cercos e pestes que tem soffrido, etc., etc.
composto manualmente a duas colunas
exemplar estimado, capa com sinais de foxing; miolo limpo, acidulado
peça de colecção
125,00 eur (IVA e portes incluídos)

Angelina Casimira do Carmo e Silva Vidal (1853-1917) – poetisa, conferencista libertária, professora, jornalista, «proletária intelectual» – foi, de facto, diz-nos o seu biógrafo Raul Esteves dos Santos, «[...] a primeira mulher que, fugindo aos grandes salões onde se exibiam os melhores valores femininos da época, foi pôr ao serviço do povo e dos mais tocados pela desigualdade social todas as modalidades do seu peregrino talento e generoso coração. [...]» (ver Génio e Desventura de Angelina Vidal, Cooperativa do Povo Portuense, Porto, 1954).
Informa-nos ainda Esteves dos Santos (idem, ibidem) que «Era desejo de Angelina Vidal que a edição de Lisboa Antiga e Moderna fosse luxuosa, profusamente ilustrada, em tipo elzevir e papel especial, a qual, anunciada em prospectos, colheria prèviamente o maior número de assinantes, que garantissem ao editor uma receita, a qual fosse fazendo face às despesas inerentes à maneira que a obra fosse saindo do prelo. Dentro do seu plano a parte gráfica seria em tudo muito meticulosa e apurada, e a artística a mais requintada que fosse possível, pelo que todos os trabalhos se confiariam a técnicos, que cabalmente deles se desempenhassem. Com tais projectos era de calcular que a obra tornar-se-ia não só interessante pelo texto, como deleitosa pelas ilustrações.
Segundo Jorge Boaventura, a quem Angelina confidenciou os seus planos e os desaires sofridos nesta idealização, nessa obra figurariam frontarias de monumentos cívicos e religiosos, antigos palácios com os seus pórticos arquitectónicos, brasões de velhas nobrezas, torreões históricos, inscrições, chafarizes, túmulos e enfim reproduções de estampas de épocas passadas, que os modernos processos de gravura reproduziriam a atestar a fidelidade de todos esses elementos.
Mas, ao tentar a sua publicação deparou com imensas dificuldades para encontrar um editor, até que em 1900 a Empresa Editora da Biblioteca Popular de Legislação aceitou o encargo da edição, mas toda ela sujeita à mais económica confecção, a fim de poder ser vendida ao alcance de todas as bolsas.
Aceitou Angelina todas as condições que lhe foram impostas, sendo o 1.º e o 2.º tomos publicados em 1900 e 1901. E para poder sair o 3.º houve que remover novas dificuldades, só se fazendo em 1903, e que totaliza 176 páginas. Somente um emblema ilustra o frontispício e as capas dos três tomos, o Brasão de Lisboa, desenho e gravura em madeira, de Jorge Boaventura, que anotou este passo da vida de Angelina Vidal, bem digno de figurar na galeria de honra dos “Amigos de Lisboa”».

pedidos para:
telemóvel: 919 746 089