capa de p. [Victor Palla]
Coimbra, 1957
Coimbra Editora, Limitada
1.ª edição
195 mm x 139 mm
8 págs. + 208 págs. + 2 folhas em extra-texto
exemplar estimado, capa e lombada com pequenos restauros; miolo limpo
30,00 eur (IVA e portes incluídos)
Trata-se de uma memória local que extrapola o estilo e o método amáveis de In Illo Tempore, de Trindade Coelho, para uma compreensão muito mais sarcástica dessa “vilória universitária” que Coimbra era. Reitor, lentes, estudantes e cultura coimbrãs são postos a nu, mas como que atirados à lama da estupidez institucionalizada.
Uma passagem, a título de exemplo:
«[...] Coimbra, o nosso primeiro centro universitário, é verdadeiramente um centro intelectual?
[...] Eis-me, pois, perante um Director que nos chama propositadamente para nos impor como programa de vida o afastamento total das nossas colegas e me suspeita de nudista e partidário do amor livre por descordar de tal regime pedagógico. Este primeiro choque foi anulado em parte pelo regozijo de saber entre os meus Mestres um Joaquim de Carvalho, um Damião Peres, um Lopes de Almeida, um Sílvio Lima. Assisti às aulas desses homens com verdadeiro embevecimento. Em breve, porém, sofri a profunda decepção de ver a sua acção sobre a formação intelectual dos alunos reduzida a uns breves cinquenta minutos de peroração “ex cathedra”. E certo que, a quando de acontecimentos notáveis, a sua palavra se fazia ouvir no Salão Nobre por mais tempo e com a liberdade que um sumário de aula não permitia. Mas difìcilmente essa palavra chegava até nós, estudantes, porque, sendo a ocasião de festa, primeiro estavam as visitas as quais nunca deixavam de encher tudo até aos corredores. [...] Nós, estudantes para quem aquele homem guardara a sua lição lá desde paragens remotas, liamos no outro dia num jornal noticioso um relato muito resumido, muito elogioso e muito gralhado das palavras do “ilustre conferente”.
[...] Outras compensações viriam. Havia a música, as artes plásticas, o avanço da Ciência... O avanço da Ciência. Passei anos em Coimbra, e agora, já a boa distância desses, pergunto-me: estará a Universidade a par desse avanço? Estão todos a pensar nos nomes de dois ou três Mestres, mas torno a fazer a pergunta. É que a Universidade não é dois ou três Mestres, a Universidade é o estudante e para o estudante. E eu lembro-me de que aquele pequenino grupo que fugia da taberna, do lupanar ou das noites perdidas em “troupes”, para fazer as suas leituras ou para escrever, era apelidado, com sorriso desdenhoso, de “intelectual”. [...]»
O livro foi soez e reaccionariamente esmagado no Correio de Coimbra, ao que Falcato respondeu, em folheto próprio e redobrado furor.
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