sábado, julho 06, 2024

Silêncio para 4

RUBEN A.

Lisboa, 1973
Moraes Editores
1.ª edição
200 mm x 140 mm
272 págs.
exemplar muito estimado; miolo irrepreensível
37,00 eur (IVA e portes incluídos)

Acertadas palavras de Nelly Novaes Coelho (In Memoriam Ruben Andresen Leitão, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1981):
«[...] Rúben A. soube ultrapassar o conceito e agarrar diretamente a coisa, revelando-a de novo, descobrindo-lhe frestas insuspeitadas. Alterou a sintaxe, a situação normal dos vocábulos, grafias habituais, desorganizou a ordem impondo ao pensamento e à linguagem uma nova ordenação. [...]
Leia-se, por exemplo, o seu último Silêncio para 4, onde falando do amor, da palavra, da liberdade (individual, política ou social), do mistério da vida, do desgaste do quotidiano; da mediocridade, da esperança, da procura do “eu” no “outro”, etc. – o caudaloso e caótico diálogo (ou monólogo) que constrói o romance, se, por um lado, denuncia o abismo que separa os seres (e transforma a comunicação verbal em uma espécie de “conversa de surdos”), por outro lado, instaura uma nova realidade: a vida redescoberta em novas e insólitas facetas. Através de um corpus verbal eminentemente criativo, Rúben A. reafirmou-se, nesse seu último livro publicado, como o escritor que desde o início recusou visceralmente aquela “escrita artesanal” analisada por Barthes em Grau Zero da Escrita e por ele situada “no interior do património burguês”. Recusou sempre aquela linguagem literária que “não perturba nenhuma ordem” e assim já não informa nada. Só faz ruído. Toda a obra de Rúben A. traz implícita essa nova consciência ficcional fundida a uma nova consciência de mundo – a de quem e admira e detesta com todos os sentidos, num verdadeiro corpo-a-corpo com as realidades. Num corpo-a-corpo de quem não aceita a derrota, nem em si, nem nos outros. Numa luta sem esmorecimentos, de quem embora tendo consciência de que carrega consigo um mundo precioso, todo seu, não aceita o isolamento e tenta, por todos os modos ao seu alcance, introjetar esse microcosmo no macrocosmo, sem o que sua realização de Homem não poderia ser integral. Essa comunhão essencial com o Todo parece-nos ser o sentido mais profundo de toda a sua obra.
Por outro lado, ao escalpelar impiedosamente a realidade portuguesa, atacando-a fundamente, como o fez, em sua dimensão rasteira, medíocre, alicerçada em medos e invejas... ao fim e ao cabo, foi à comunidade humana em crise, espalhada pelas “sete partidas do mundo”, que Rúben A. atingiu com a sua lucidez satírica, com sua crítica severa e inteligente, agudizada por uma aparente frivolidade (que enganou muita gente...), e que no entanto não conseguiu esconder a funda amargura que a alimentava: aquela amargura que procede de um imenso amor, frustrado em seus mais legítimos anseios. [...]»

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