sábado, novembro 13, 2021

Contemporanea – Grande revista mensal



Lisboa, 1984-1992 [fac-símiles de Maio de 1922 a Março de 1924]
dir. José Pacheco
ed. Agostinho Fernandes
pref. José-Augusto França (vol. IV)
Contexto, editora
2.ª edição [1.ª edição fac-similada]
10 fascículos que constituem os vols. I, II, III e IV (completo)
este conjunto – que é tudo quanto foi publicado pela Contexto – não inclui os fascículos 11 a 13 (1926), o n.º espécime (Maio de 1915) e o n.º suplemento (Março de 1925)
298 mm x 205 mm
[6 págs. + 10 págs. + 154 págs. + 38 págs. em extra-texto + 16 págs.] + [10 págs. + 6 págs. + 168 págs. + 64 págs. em extra-texto] + [8 págs. + 170 págs. + 56 págs. em extra-texto] + [30 págs. + 42 págs. + 8 págs. em extra-texto + 32 págs.]
profusamente ilustrados, impressão a cor
exemplares como novos
140,00 eur (IVA e portes incluídos)

Da vasta lista de colaboradores que, repetidamente, fizeram esta publicação moderna, assinalem-se, entre escritores e artistas plásticos, os nomes de Almada, Fernando Pessoa, António Botto, Mário de Sá Carneiro, Diogo de Macedo, António Sardinha, Judith Teixeira, Raul Leal, Mário Saa, Columbano, António Soares, Américo Durão, Vergílio Correia, Eduardo Viana, Jorge Barradas, Martinho Nobre de Mello, Mily Possoz, Augusto Santa-Ritta, Eugénio de Castro, Aquilino Ribeiro, Virgínia Victorino, Manuel Ribeiro, Teixeira de Pascoaes, António Arroio, Leonardo Coimbra, Afonso Duarte, Dordio Gomes, Carlos Malheiro Dias, etc. Especial destaque para a inclusão de Cena do Ódio de Almada, Banqueiro Anarquista de Fernando Pessoa (mas também Mar Português e Soneto Já Antigo) e Arte de Bem Morrer de António Ferro.
Logo à partida, o responsável pela publicação, que bem sabia de que estofo eram feitos os consumidores portugueses de cultura, comentou em entrevista ao Diário de Lisboa (15 de Junho, 1922): «Eu não tenho grande confiança nem consideração pelo público de arte português. Além disso cá não está criado público de revistas, a não ser das outras que metem pernas. Um insucesso, artisticamente, não me feria nada.»
Bem se recordava José Pacheco como Lisboa-Portugal tinha sido hostil ao aparecimento de uma outra revista de vanguarda muito similar, a Orpheu! Acompanhando o curso de fechamento do país às alegrias trazidas pela República e a abertura ao autoritarismo totalitário, «A Contemporânea insinuou-se no espaço cultural português no início de Maio de 1915, com um número espécimen que se caracterizava pelo seu ecletismo: a arte, a literatura, o teatro, o desporto, a moda e a sociedade preenchiam as suas páginas. Valorizava, muito ao gosto da época, a imagem, entre reportagens fotográficas de sabor fim de século e algum grafismo “moderno” em que se ensaiavam Almada, Barradas, Eduardo Viana, Carlos Franco e José Pacheco. Acenava à ditadura de Pimenta de Castro com uma mão, com a outra saudava a Igreja, que passava por dificuldades várias, fragilizada pelas incursões jacobinas.
A Contemporânea propunha-se ser um lugar de agitação e de convergência de todos os que se interessavam pela arte em Portugal e que não dispunham de uma tribuna onde pudessem aferir opiniões, apresentar sugestões, trilhar novas sendas. Tinha os olhos postos nos movimentos vanguardistas da Europa, recusando dialecticamente a claustrofobia e a anemia que secularmente nos tolhiam. Preconizava no seu programa que os seus colaboradores seriam “as figuras mais brilhantes e variadamente individuais das nossas modernas correntes artísticas, desde as mais simples às mais complexas – todos quantos, desde o verso até à linha, sabem servir as curiosidades cultas e os interesses aristocratizados”. Pretendia ser uma “revista para gente civilizada, uma revista expressamente para civilizar gente”, terminologia e programa que, na opinião circunstanciada de António Braz de Oliveira, poderá ter muito bem a dedada eterna e “excessivamente lúcida” de Fernando Pessoa, nas margens de Orpheu.
Por razões políticas – o consulado de Pimenta de Castro foi derrubado poucos dias depois do aparecimento da Contemporânea – ou por motivos menos “públicos”, o projecto teve, então, uma falsa partida e só foi retomado sete anos mais tarde. Com efeito, em 1921, os jovens que tiveram o privilégio de viver na cidade de Paris – laboratório onde fertilizavam as experiências mais ousadas no domínio das letras e das artes – insurgiram-se contra a apatia e a inércia que eram lugar comum na Sociedade Nacional de Belas-Artes, cuja actividade estava circunscrita à organização de uma exposição anual. [...]» (Fonte: Daniel Pires, Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1900-1940), vol. I, Grifo, Lisboa, 1996)

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