Lisboa, 1984-1992 [fac-símiles
de Maio de 1922 a Março de 1924]
dir. José Pacheco
ed. Agostinho Fernandes
pref. José-Augusto França (vol.
IV)
Contexto, editora
2.ª edição [1.ª edição fac-similada]
10 fascículos que constituem os
vols. I, II, III e IV (completo)
este conjunto – que é tudo
quanto foi publicado pela Contexto – não inclui os fascículos 11 a 13 (1926), o
n.º espécime (Maio de 1915) e o n.º suplemento (Março de 1925)
298 mm x 205 mm
[6 págs. + 10 págs. + 154 págs.
+ 38 págs. em extra-texto + 16 págs.] + [10 págs. + 6 págs. + 168 págs. + 64
págs. em extra-texto] + [8 págs. + 170 págs. + 56 págs. em extra-texto] + [30
págs. + 42 págs. + 8 págs. em extra-texto + 32 págs.]
profusamente ilustrados, impressão
a cor
exemplares como novos
140,00 eur (IVA e portes incluídos)
Da vasta lista de colaboradores
que, repetidamente, fizeram esta publicação moderna, assinalem-se, entre
escritores e artistas plásticos, os nomes de Almada, Fernando Pessoa, António
Botto, Mário de Sá Carneiro, Diogo de Macedo, António Sardinha, Judith
Teixeira, Raul Leal, Mário Saa, Columbano, António Soares, Américo Durão,
Vergílio Correia, Eduardo Viana, Jorge Barradas, Martinho Nobre de Mello, Mily
Possoz, Augusto Santa-Ritta, Eugénio de Castro, Aquilino Ribeiro, Virgínia
Victorino, Manuel Ribeiro, Teixeira de Pascoaes, António Arroio, Leonardo
Coimbra, Afonso Duarte, Dordio Gomes, Carlos Malheiro Dias, etc. Especial
destaque para a inclusão de Cena do Ódio
de Almada, Banqueiro Anarquista de
Fernando Pessoa (mas também Mar Português
e Soneto Já Antigo) e Arte de Bem Morrer de António Ferro.
Logo à partida, o responsável
pela publicação, que bem sabia de que estofo eram feitos os consumidores
portugueses de cultura, comentou em entrevista ao Diário de Lisboa (15 de Junho, 1922): «Eu não tenho grande
confiança nem consideração pelo público de arte português. Além disso cá não
está criado público de revistas, a não ser das outras que metem pernas. Um
insucesso, artisticamente, não me feria nada.»
Bem se
recordava José Pacheco como Lisboa-Portugal tinha sido hostil ao aparecimento
de uma outra revista de vanguarda muito similar, a Orpheu! Acompanhando o curso de fechamento do país às alegrias
trazidas pela República e a abertura ao autoritarismo totalitário, «A Contemporânea
insinuou-se no espaço cultural português no início de Maio de 1915, com um
número espécimen que se caracterizava pelo seu ecletismo: a arte, a literatura,
o teatro, o desporto, a moda e a sociedade preenchiam as suas páginas.
Valorizava, muito ao gosto da época, a imagem, entre reportagens fotográficas
de sabor fim de século e algum grafismo “moderno” em que se ensaiavam Almada,
Barradas, Eduardo Viana, Carlos Franco e José Pacheco. Acenava à ditadura de
Pimenta de Castro com uma mão, com a outra saudava a Igreja, que passava por
dificuldades várias, fragilizada pelas incursões jacobinas.
A Contemporânea
propunha-se ser um lugar de agitação e de convergência de todos os que se
interessavam pela arte em Portugal e que não dispunham de uma tribuna onde
pudessem aferir opiniões, apresentar sugestões, trilhar novas sendas. Tinha os
olhos postos nos movimentos vanguardistas da Europa, recusando dialecticamente
a claustrofobia e a anemia que secularmente nos tolhiam. Preconizava no seu
programa que os seus colaboradores seriam “as figuras mais brilhantes e
variadamente individuais das nossas modernas correntes artísticas, desde as mais
simples às mais complexas – todos quantos, desde o verso até à linha, sabem
servir as curiosidades cultas e os interesses aristocratizados”. Pretendia ser
uma “revista para gente civilizada, uma revista expressamente para civilizar
gente”, terminologia e programa que, na opinião circunstanciada de António Braz
de Oliveira, poderá ter muito bem a dedada eterna e “excessivamente lúcida” de
Fernando Pessoa, nas margens de Orpheu.
Por razões
políticas – o consulado de Pimenta de Castro foi derrubado poucos dias depois
do aparecimento da Contemporânea – ou por motivos menos “públicos”, o
projecto teve, então, uma falsa partida e só foi retomado sete anos mais tarde.
Com efeito, em 1921, os jovens que tiveram o privilégio de viver na cidade de
Paris – laboratório onde fertilizavam as experiências mais ousadas no domínio
das letras e das artes – insurgiram-se contra a apatia e a inércia que eram
lugar comum na Sociedade Nacional de Belas-Artes, cuja actividade estava
circunscrita à organização de uma exposição anual. [...]» (Fonte: Daniel Pires,
Dicionário da Imprensa Periódica
Literária Portuguesa do Século XX (1900-1940), vol. I, Grifo, Lisboa, 1996)
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