CAMÕES DO ROSSIO
JOÃO JARDIM DE VILHENA
Lisboa, 1982 | Coimbra, 1943
& etc – Publicações Culturais Engrenagem, Lda. | Biblioteca da Universidade
s.i. + 1.ª edição
[205 mm x 164 mm] + [246 mm x 160 mm]
32 págs. + 12 págs.
exemplares muito estimados; miolo irrepreensível
LOTE VALORIZADO PELA DEDICATÓRIA MANUSCRITA DE JOÃO JARDIM DE VILHENA [NÃO
ASSINADA]
peça de colecção
180,00 eur (IVA e portes incluídos)
Da nota de apresentação [de Aníbal Fernandes] na brochura da casa & etc:
«Gordo, atarracado, senhor de uma expressividade cómica que uns óculos
irrisórios acentuam, assim corre na literatura alheia Caetano José da Silva
Sotomaior – Juiz do Crime do Bairro da Mouraria e Corregedor do Bairro do
Rossio. […]
Da personagem – tão querida de el-rei que se deu a liberdades invulgares num
magistrado, meteu impunemente a ridículo muita gente que não era para graças e,
vai não vai, entrou no serralho de Odivelas para versalhar ao desafio com
freirinhas do aviário real – diremos que se afamou de poeta em Coimbra nos
tempos em que andava ao Direito Canónico, e ali mesmo fez a sua alcunha de Camões.
Do Rossio acrescentaram-lhe os lisboetas quando se instalou na praça para
ficar, até à morte em 1739 (com cerca de 45 anos).
Passado à posteridade e ao mito pela graçola, fácil é esquecer que foi erudito
da Academia Real de História […]. Os seus sonetos, esses figuram entre os
melhores da época (dizem os críticos), o que mais indigna os bem-pensantes
contra a Martinhada que este Camões (do Rossio, embora) obscenisa sem
qualquer resguardo, cantando as sensualidades generosas de Frei Martinho de
Barros, confessor privativo de el-rei. […]
Sucesso de séculos feito por edições clandestinas (de Portugal e do estrangeiro
se acreditarmos em antiquíssimas indicações tipográficas), é porventura dos
mais altos pontos na pornografia “à portuguesa”, a que transgride ao jeito popular
e se conforma em acenar de longe aos massacres da subversão. Frei Martinho
viola e desvirga brutalmente uma donzela na presença da mãe e da criada, mas
este quadro cheio de “potencialidades” nada sabe do Marquês de Sade – ainda por
nascer e a duas fronteiras de distância.»
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