MANUEL NUNES GIRALDES
Lisboa, 1870
Typographia Universal de Thomaz Quintino Antunes
1.ª edição
218 mm x 150 mm
2 págs. + 286 págs.
impresso sobre papel superior
muito elegante encadernação coeva inteira em pele gravada a ouro na lombada
pouco aparado, sem capas de brochura
exemplar em bom estado de conservação; miolo limpo
assinatura de posse no ante-rosto
PEÇA DE COLECÇÃO
90,00 eur (IVA e portes incluídos)
Diz-nos Inocêncio Francisco da Silva [aliás, Brito Aranha], no Diccionario
Bibliographico Portuguez (tomo XVI, Na Imprensa Nacional, Lisboa 1893):
«Manuel Nunes Giraldes,
natural da Covilhã, filho de Gregorio Nunes Giraldes e de D. Rita Candida
Rodrigues Valente, nasceu a 10 de março de 1837. Recebeu o grau de doutor em
direito na universidade de Coimbra em 31 de julho de 1859. É actualmente lente
cathedratico e professor de economia politica da mesma universidade,
commendador da nobilissima ordem de S. Thiago, de merito scientifico,
litterario e artistico […]
Da obra O papa-rei e o concilio resultou não só uma fulminação do Indice
expurgatorio, de Roma, mas uma polemica viva e vehemente, em que entraram
diversos. Começarei por transcrever a parte da decisão do Indice referente a
essa obra, e é do teor seguinte:
“A sagrada congregação dos eminentissimos e reverendissimos cardeaes da Santa
Igreja Romana em toda a christã republica pelo Nosso Santo Padre Pio IX
propostos para o Indice de doutrina depravada e para a sua proscripção,
expurgação e permissão, em sessão de 6 de setembro, condemnou e condemna,
proscreveu e proscreve, como outras já condemnadas e proscriptas, mandou e
manda inserir no Indice dos livros prohibidos as seguintes obras:”
Segue-se a indicação de varias, e entre ellas acha-se:
“O papa-rei e o concilio, por Manuel Nunes Giraldes […] Portanto, ninguem, seja de que
grau ou condição for, ouse imprimir de futuro, ou ler e conservar, em qualquer
logar ou lingua, as preditas obras condemnadas e proscriptas, mas deve
entregal-as aos ordinarios locaes ou aos inquisidores da depravação heretica,
sob as penas declaradas no Indice dos livros prohibidos. […]”»
Já antes o padre Francisco Grainha, da Covilhã, fulminára o livro em sermão
prégado na igreja de Santa Maria Maior da mesma cidade, em solemnidade em acção
de graças no anniversario da coroação de Pio IX, censurando o auctor pelo arrojo
e descaramento com que vinha affrontar as crenças de um povo tão eminentemente
catholico, etc. […]»