MADAME DE SÉVIGNÉ
trad., selec., pref. e notas de Vitorino Nemésio
Lisboa, 1944
Livraria Sá da Costa – Editora
[1.ª edição]
89 mm x 60 mm (formato miniatura)
XXVIII págs. + 268 págs.
encadernação inteira em tela crua com dois rótulos gravados a ouro na lombada
aparado e carminado somente à cabeça
carimbo do editor no verso do frontispício
exemplar em bom estado de conservação; miolo irrepreensível
35,00 eur (IVA e
portes incluídos)
Do Prefácio:
A «[...] espontaneidade da vida e
da sua representação não se comunica à literatura senão através de um género
que só a falta de respeito humano fez literário: o epistolar. Só numa
civilização requintada, em que o próprio dia-a-dia está impregnado de cultura,
é possível esta confluência de arte e vida vivida que se realiza nas cartas de
Madame de Sévigné [de seu nome pré-matrimónio Marie de Chantal].
A
sociedade francesa, por isso mesmo que chegara a ser em tudo e por tudo sociedade, apreciava muito esse
invento para conviver ao longe, que é a carta. A correspondência era para o
homem do século XVII como o jornal para os nossos pais e o rádio nos nossos
dias: transmitia todos os estremecimentos da vida a distância, trazia a ilusão
do amigo que entra pela porta dentro a escorrer chuva e põe para ali, à hora do
chá, tudo o que viu e ouviu. Gostava-se tanto de cartas que os romances
pastorais eram em grande parte fabricados com elas. Ficavam mais íntimos.
“Querido”, ou o equivalente, dá uma certa excitação; é como quem fala mais
baixo.
O século
conheceu copiosos autores de cartas. O epicurismo pegava-se bastante pelo
correio [...]»