NORBERTO GONZAGA
capa de Roberto Nobre
Lisboa, 1942
Edições Universo
1.ª edição
18,6 cm x 12,5 cm
256 págs.
exemplar manuseado mas aceitável; miolo limpo
VALORIZADO PELA DEDICATÓRIA MANUSCRITA DO AUTOR
VALORIZADO PELA DEDICATÓRIA MANUSCRITA DO AUTOR
37,00 eur (IVA e
portes incluídos)
Do texto introdutório do jornalista lisboeta radicado em Nova Lisboa (Angola) Norberto Gonzaga Martins
(1898-?), cuja participação na
resistência anticolonial o levara então ao exílio no Congo belga:
«[...] No que diz respeito directamente à Bélgica, êsse
pequeno e admirável país, ao Congo detalhou, como natural, uma vida de
crescente e pujante prosperidade. Uma organização metodizada se alicerçou no
comêço da ocupação económica. A instituição nova adiantou, porém, o relógio do
tempo, olvidando a insignificante ou mesmo nula preparação do meio, sem ambiente e escassas exigências
[...]. Investiram-se capitais em grandes companhias, demandou-se uma protecção,
nem sempre a mais compatível, norteando a sua bússola pelas intercorrências em
jôgo – e à economia de um povo se arrancou o oiro, transformando-o em papéis de
crédito. [...] Deslumbrou-se o mundo com um grande e aparatoso comércio de
galas e cintilações. Subiram os papéis, os tais de crédito [...], e o delírio
galvanizou as massas.
Mas foi-se além ainda: impunha-se. Parar seria morrer. E
assim se provocou uma produção rasgada, descomedida, evoluindo na órbita de uma
indústria, de um comércio, de uma agricultura, sectores activos que
inesperadamente, artificiosamente, passaram a satisfazer o luxo de um Ultramar
até ali quieto e ponderado. [...] E atulharam-se de artefactos, quinquilharias,
bagatelas, os ventres dos navios. Do Congo viria em contra-partida, pensava-se
na Bélgica e pensava-se na colónia, o produto compensador: o café, o algodão,
as oleaginosas, o marfim, o oiro e os diamantes.
¡Que dèbâcle
tremenda se verificaria depois, com a baixa de cotação dos géneros coloniais!
Riram a bom rir, esfregaram as mãos, os argentários do Mundo
inteiro. Perpetrava-se uma loucura – a loucura da Bôlsa. Era tudo artifício. Êles bem o sabiam. E a Bélgica seria
mais uma vítima do pano verde.
E foi. [...]»
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