sexta-feira, agosto 24, 2018

O Caso de Belém


AGNELO GALAMBA DE OLIVEIRA

Lisboa, Novembro de 1968
Edição do Autor
1.ª edição
20,8 cm x 14,4 cm
84 págs.
subtítulo: Achega para o seu conhecimento e juízo
ilustrado com fac-símiles
exemplar estimado; miolo limpo
27,00 eur (IVA e portes incluídos)

Livro que patenteia o desacordo e a fissura aberta no seio dos católicos no rescaldo das eleições para deputados em finais de 1965. No essencial, é o volume constituído pela reprodução da troca de cartas entre o ultra-reaccionário Galamba de Oliveira e o progressista José da Felicidade Alves, padre na paróquia de Santa Maria de Belém. E são deste último as palavras:
«[...] O pano de fundo é o clima e o fermento da divisão activa e activamente atiçado entre católicos e católicos. Esta divisão situa-se em dois planos: no plano das opções e responsabilidades políticas; e (muito mais grave) no plano das perspectivas e da actuação das linhas de rumo da edificação do Povo de Deus, isto é, dos critérios pastorais e apostólicos. E as divisões não consistem apenas em perspectivas complementares ou diferenciadas de enfocar os problemas; não são somente oposições de ideias. Transformaram-se em ódios, criados e alimentados com acusações pessoais, insinuações infamantes, calúnias, incitamentos à... fogueira, contra uma das correntes. [...]
E o drama consistiu e consiste em que uma das correntes impõe o silêncio ou a clandestinidade à outra; não lhe admite qualquer plataforma legal de se formular; move contra essas pessoas uma pertinaz campanha de insinuações malévolas, malsina as intenções, generaliza possíveis erros, sugere conluios tenebrosos, semeia ódios, destrói o bom nome e até põe em risco a sobrevivência política, económica e social dos que são do “outro grupo”. Isto, repito, quer no plano das perspectivas e opções políticas, quer no plano das realidades pastorais.
Isto abriu chagas que dificilmente sararão. E eu sou um dos que posso falar de experiência. E poderia identificar nomes de jornais e nomes de padres e leigos empenhados nesta obra de criação de ódios entre irmãos. E, para ser sincero, confesso que tenho visto V. sempre ligado a esses jornais e pessoas; e por isso sinto que V. tenha contribuído positivamente para este estado de coisas (vg.: o apoio e solidariedade prestados a um dos principais obreiros da sementeira de ódio, o “Agora”...). Se bem que as responsabilidades são muito vastas. E eu próprio me não julgo plenamente isento delas; e desejo que mas apontem (pois o próprio tem dificuldade em se julgar objectivamente).
Encontramo-nos, pois, neste momento crucial da vida da nação e da vida da Igreja, profundamente divididos, incompatibilizados, suspeitosos, cheios de rancores acumulados, sem amor e sem confiança recíproca. E vamos à mesma mesa da Eucaristia! Situação de hipocrisia e escândalo. Somos irmãos e odiamo-nos! [...]»

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