ANTÓNIO ALÇADA
BAPTISTA
Lisboa, Outubro de 1973
Moraes Editores
1.ª edição
200 mm x 139 mm
276 págs.
exemplar em muito bom estado de conservação; miolo
irrepreensível
50,00 eur (IVA e
portes incluídos)
Este livro, engendrado já no declínio, senão no estertor, do
regime fascista, assume o estilo de um ex-aluno «respeitador» e «admirado» em
amena troca de impressões gerais com o seu antigo professor. Mas tais
generalidades passam um pouco ao largo da governação de um país a ferro e fogo
policial, que é o que acontece quando o poder sente o chão a fugir-lhe de
debaixo dos pés. Pode dizer-se que, apesar da dissimulada ambição, Alçada
Baptista – que fôra, dez anos antes, o fundador da revista O Tempo e o Modo – nunca possuiu o fulgor atrevido de um António
Ferro em diálogo com Salazar, que é o que acontece quando os consensos de uma
época empurram a passos desordenados para o fim.
A título de exemplo, uma passagem:
«[...] Sinto que, para Marcello
Caetano, a política é muito mais uma “arte” do que uma “ciência”: uma
estratégia de conter o real que resulta das concretas motivações dos homens num
determinado tempo da história, no pressuposto inabalável de que eles, neste
domínio, quase nunca se movem segundo as “rectas intenções”. Daí que,
desgraçadamente, o fenómeno político reflicta, afinal, o denominador comum da
nossa humana banalidade. Donde, a consequência duma dualidade inevitável: de um
lado, um universo pessoal povoado de valores tradicionais que se reflectem num
comportamento pessoal à base das “antigas virtudes”: trabalho, exigência
interior, vida espiritual, honestidade pessoal, austeridade; do outro, um universo
social cujas virtudes são as “virtudes” da guerra, perante um inimigo que, no
seu entender, está disposto a tudo, e a quem não podemos oferecer a vantagem
dos nossos princípios pessoais. E que seriam esses princípios, de que o homem
completamente se desinteressou, que, a serem colectivamente vividos, poderiam
modificar um dia as regras dum jogo que, ainda no seu entender, os outros
quiseram assim. [...]» – Alçada Baptista, há que sublinhá-lo, está a referir-se
ao segundo Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa, organização para-militar
émula da “juventude hitleriana”...