[ANÓNIMO*]
Lisboa, 30 de Novembro, 1982
Edições Antígona
1.ª edição [única]
209 mm x 150 mm
4 págs.
folha volante
exemplar estimado, apresenta um vinco ao meio devido talvez
ao seu envio dentro de sobrescrito; miolo limpo
PEÇA DE COLECÇÃO
50,00 eur (IVA e
portes incluídos)
Assinalando à sua maneira a data da morte do poeta, vem aqui
a editora iconoclasta Antígona chamar a atenção para a vertente reaccionária de
Pessoa, por exemplo, nos seus textos À
Memória do Presidente-Rei Sidónio Pais, ou O Interregno – Defesa e Justificação da Ditadura Militar em Portugal.
Deste último transcreve mesmo uma passagem vomitiva: «Os governantes
naturalmente indicados para um Estado de Transição são, pois, aqueles cuja
função social seja particularmente a manutenção da ordem. Se uma nação fosse
uma aldeia, bastaria a polícia; como é uma nação, tem que ser a Força Armada
inteira.» E assim é que, nessa data à beira da campa, ousa a Antígona, no seu
breve manifesto, «[...] com a biqueira da bota, empurrá-lo mais fundo na cova
que o envolve. A História [...] agradecerá uma tal acção profiláctica. [...]»
É de acrescentar que a expressão «cadáver adiado que
procria» não é original, colhe o exemplo, a acutilância e o verbo do movimento surrealista.
* Texto muito provavelmente redigido pelo jornalista Torcato
Sepúlveda, então um dos mentores do espírito das Edições Antígona.