sexta-feira, novembro 22, 2024

A Minha Terra

 

ANTONIO CORRÊA D’OLIVEIRA
ilust. Antonio Carneiro
texto promoc. Alfredo Guimarães


Paris-Lisboa | Rio de Janeiro, 1915-1917 [1919, livro IV]
Livrarias Aillaud e Bertrand | Livraria Francisco Alves
1.ª edição (excepto os livros I, IV e VIII, que são da 2.ª edição)
10 livros + 1 folha volante promocional (completo)
200 mm x 125 mm (estojo)
64 págs. + 54 págs. + 64 págs. + 64 págs. + 64 págs. + 64 págs. + 64 págs. + 72 págs. + 76 págs. + 96 págs. + 4 págs.
subtítulos: I. CaminhosII. Auto do Anno NovoIII. Á LareiraIV. Vida de LavradorV. D’Aquem e d’Alem-MarVI. Do Meu QuintalVII. Os NamoradosVIII. Auto de JunhoIX. Um Lenço de CantigasX. Cartas ao Vento
profusamente ilustrados com desenhos impressos a sanguínea sobre papel marfim
brochuras* acondicionadas num estojo próprio de fabrico recente em papel de fantasia
exemplares estimados; miolo limpo
assinaturas de posse nos livros VII e VIII
130,00 eur (IVA e portes incluídos)

Raul Brandão, numa memorável página das suas Memórias (Jornal do Fôro, Lisboa, 1969), recorda-o assim o poeta:
«António Correia de Oliveira, ossos, nervos e a pele necessária para os cobrir – com um chapéu alto e lustroso em cima – grande poeta, com raízes profundas na natureza, tem na Beira uma tia que passa a vida em diálogos estranhos com as árvores e as pedras. E mal chega a noite ei-la começa a cumprir o seu fadário: leva até à madrugada a dar de beber indistintamente às plantas do seu quintal e às dos quintais vizinhos, numa aflição, numa piedade que se estende até às ervas ignoradas e ruins. Monologando sempre, vai e vem – que não fique alguma com sede – com o regador nas mãos, até que a manhã a encontra exausta, feliz, encharcada até aos ossos e ainda embebida naquele sonho frenético de ternura... Toda a emoção do poeta está aqui, do grande poeta que diz: – Sinto em mim uma força da natureza... hei-de aproveitá-la. – Os avós deram cabo da casa. O pai ninguém o arrancava às suas árvores, e um tio, personagem de Camilo, morreu cosido de facadas. A mocidade do poeta foi também dolorosa. Chamavam-lhe mágico. Para não pesar à mãe escreveu à rasa num tabelião e foi proposto de recebedor em Sesimbra, ele que nunca soube somar. Iam as mulheres dos pescadores pedir-lhe perdão das décimas, e nunca na memória dos homens se viu recebedor em semelhantes apuros, perplexo diante dos papéis, dos pobres, da desgraça, das contas e da sua própria alma! Um dia gostou duma mulher e escreveu os primeiros versos, Ladainhas. – Eu não sabia o que eram versos, nem medir versos. Saiu-me aquilo... Troçaram-me tanto que estive para endoidecer. Sabe o que me valeu? Um artiguinho do Trindade Coelho no Repórter. Essas palavras salvaram-me!»

* O livro IV tem cartonagem editorial.

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