quarta-feira, novembro 20, 2024

Pequena Poética da Insurreição

 

PETER BOUSCHELJONG
trad. António Gregório
ilust. André Lemos, e Sara Mealha


Lisboa, 2024
Barco Bêbado
1.ª edição
210 mm x 130 mm
114 págs.
profusamente ilustrado
capa impressa frente e verso
exemplar novo
18,00 eur (IVA e portes incluídos)

Desde as primeiras linhas, assim vai esta poética do século XXI…:

«[…]
no Inverno de 2018 apanhámos o comboio para Paris — o que nos esperava era incerto —, mas as imagens de montras partidas, dos incêndios no Banque de France e de um Christophe Dettinger furioso, em suma, de Paris a arder, apareciam noite após noite nos nossos sonhos

num mundo a desmoronar-se em ciclos cada vez mais curtos

nada é mais prático do que um livro ou uma arma [o arquivo é uma colecção de fantasmas / resistências ilegíveis]

pensar com as mãos é o destino do homem

electrificado no meio da fuga à atrofia dos instintos herdados

comecemos pelos excessos das nossas investigações

chamam-nos pulhas e desleixados [e pode ver-se o desprezo profundo nos seus rostos]

mas os grandes filósofos [ainda há pouco gritavam: sessenta e oito, sessenta e oito] tinham a obrigação de fazer melhor

outros dizem: santos / pontas-de-lança da grande heresia / ou os nómadas do proletariado

quão enganados estávamos ao pensar que o monstro do capitalismo tinha já só um olho e que bastaria cegá-lo com uma tocha gigante

desafiando os milhões de olhares de vigilância e repressão

não mudámos de expressão, em vez disso apontámos para a vermelhidão do sol poente e para o planeta Terra progressivamente esgotado

que o objectivo seja o de fazer avançar uma crítica decidida às condições actuais, sem medo das consequências nem dos conflitos daí resultantes com aqueles que detêm o poder […]»

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