CHRISTIAN BOBIN
trad. Teresa Noronha
badana do poeta António Cabrita
capas e ilust. Catarina Lopes Vicente, e Daniel Fernandes
Lisboa, 2022
Barco Bêbado
1.ª edição
2 volumes (completo)
183 mm x 110 mm (estojo)
90 págs (vol. texto) + 66 págs. (vol. ilust.)
ilustrado em volume autónomo a negro e cor
duas brochuras inclusas num estojo próprio
exemplares novos
30,00 eur (IVA e portes incluídos)
Uma passagem do texto:
«[...] A televisão, contrariamente ao que ela diz de si mesma, não dá nenhuma
notícia ao mundo. A televisão é o mundo que se afunda no mundo, um ser bruto,
chorão e avinhado, incapaz de dar uma única notícia clara, compreensível. A
televisão é o mundo em horário completo, transbordando de sofrimento. É
impossível ver, nestas condições, é impossível escutar. Estás ali, no teu sofá
ou diante do teu prato, e atiram-te com um cadáver e a seguir com um golo de um
futebolista, e abandonam-vos aos três, a nudez da morte, o sorriso do jogador e
a tua própria vida, já de si tão obscura, cada um atirado para o seu cantinho
do mundo, separados, após terem sido, assim, tão brutalmente ligados – um morto
que nunca acaba de morrer, um jogador que não pára de levantar os braços, e tu,
que não deixas de procurar o sentido de tudo isso. Mas isso já passou, já
estamos noutro assunto, depressão na Bretanha, bom tempo na Córsega. E então?
Então, o que fazer com a velha goleada de imagens, ávida de moedinhas? Nada.
Não é preciso fazer nada. Ela ali está e não se vai mexer, nunca mais. Um mundo
sem imagens é, a partir de agora, impensável. Haverá sempre jovens dinâmicos
para as servir, para fazer os negócios sujos no teu lugar, no lugar de todos os
outros, em nome de todos os outros. É preciso conseguir que o que está em baixo
desça até ao fundo, para deixar a decomposição orgânica do mundo prosseguir.
Está quase a terminar, está quase no fim, não devemos, sobretudo, reparar no
que se tolda – é melhor colocar uma base de tinta nas maçãs do rosto da morta.
Deixar proliferar as imagens cegas: alguma coisa vem à superfície, alguma coisa
vem ao nosso encontro. [...]»
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