segunda-feira, julho 17, 2023

Memórias Com Cheiro a Gasolina

 

DAVID WOJNAROWICZ
trad. e pref. Ana Isabel Soares
polaroides de José Francisco Azevedo
grafismo e paginação binária de Paulo da Costa Domingos


Lisboa, 2023
Barco Bêbado
1.ª edição
218 mm x 156 mm
68 págs.
ilustrado a cor
encadernação editorial inteira em tela gravada a bronze na pasta anterior, folhas-de-guarda impressas a cor
exemplar novo
30,00 eur (IVA e portes incluídos)

Da introdução da tradutora:
«[…]
No seu livro derradeiro, Memórias com Cheiro a Gasolina, David Wojnarowicz reuniu quatro narrativas breves sobre encontros sexuais entre anónimos, sobre o prazer e os perigos desse anonimato. […]
O último conto que aqui aparece, “Espiral”, foi também a última obra escrita por Wojnarowicz, que morreria em julho desse ano [1992], praticamente quando o livro foi dado à estampa. Não é estranha, portanto, esta proximidade entre decadência e morte, o retrato tão a frio de um abandono: o abandono do indivíduo aos seus impulsos mais abjetos (na ilusão de que ceder-lhes trará o conforto de uma companhia humana); o abandono a que a sociedade vota aqueles que não encontram nela um lugar pré-estabelecido e vagueiam nas margens da ordem; o abandono dos seres vivos aos ciclos que a morte montou.
A leitura de Memórias com Cheiro a Gasolina é pelo menos tão perturbante como a experiência do odor a gasolina: um fedor que se agarra à pele, que repugna, mas que pode exercer uma espécie de sedução, o fascínio daquilo que é extremo. Há um extremar da intimidade (de um indivíduo, mas também de uma comunidade) que tem o potencial de perturbar o leitor: damos por nós a ler sobre momentos que não nos deveria ser permitido ler, a assistir a cenas que entendemos não deverem sequer existir. Mas não é só esse excesso de intimidade que incomoda: é perturbante, também, perceber que o próprio narrador se vê a si mesmo naquele papel; que, no fundo, ele assiste à exposição de si mesmo como se estivesse no nosso lugar. Esta cisão – duplicidade e fusão – desassossega-nos de maneira profunda. […]»


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