[HERBERTO HELDER]
Lisboa, II série – Ano I – n.º 2, Junho-Julho de 1965
Centro de Estudos Político-Sociais da União Nacional
(C.E.P.S.)
ed. Virgílio Cruz
22,5 cm x 15,4 cm
168 págs. (numeração contínua: págs. 121 a 288)
exemplar estimado; miolo limpo
30,00 eur (IVA e
portes incluídos)
A curiosidade deste número isolado desta revista de
extrema-direita reside no facto de aí figurar uma tradução de Herberto Helder,
o artigo «Julgamento de um jovem poeta
russo – o processo de Josef Brodsky». Entre o declínio habitual neste tipo
de imprensa, assinado por gente retrógada como, por exemplo, Lumbrales,
Rodrigues Cavalheiro ou João Ameal, ergue-se, traduzido da revista inglesa Encounter, o «relato quase integral das
duas sessões que constituíram o julgamento, efectuado em Fevereiro e Março de
1964», que se saldou na condenação do dito escritor russo «à pena de cinco anos
de trabalhos forçados». Na União Nacional devem ter rejubilado com uma peça de
tal jaez anticomunista...
Iosif Aleksandrovich Brodski (1940-1996), poeta e ensaísta
discípulo de Anna Akhmatova, viu-se envolvido por uma denúncia jornalística que
classificava os seus versos como «pornográficos» e «anti-soviéticos», o que
levou as autoridades policiais a interná-lo num manicómio e, posteriormente, a
condená-lo em tribunal por «parasitismo». A importância que o protesto contra o
seu aprisionamento ganhou para cá da Cortina de Ferro, apesar de não ter abalado
o regime totalitário russo, culminou na comutação dessa pena.