[BALTASAR DIAS, atribuído a]
Lisboa, 1794
Na Officina de Simão Thaddeo Ferreira
s.i.
229 mm x 169 mm (estojo)
24 págs.
subtítulo: A qual trata, como o Marquez de Mantua andando perdido na caçada,
achou a Valdivinos ferido de morte; e da juftiça, que por fua morte foi feita a
D. Carloto filho do Imperador
acabamento com laçada de cordel
acondicionado em estojo próprio de fábrica recente inteiro em tela crua com
rótulo gravado a ouro
exemplar muito envelhecido mas legível; miolo limpo
PEÇA DE COLECÇÃO
130,00 eur (IVA e portes incluídos)
Diz-nos
Inocêncio Francisco da Silva, no seu Diccionario Bibliographico Portuguez,
Imprensa Nacional, tomo I (Lisboa 1858) e tomo VIII (idem 1867):
«Balthasar Dias, que, segundo Barbosa, foi natural da ilha da Madeira, e um
dos celebres poetas que floreceram no reinado delrei D. Sebastião,
principalmente na composição de autos, com a circumstancia de ser cego de
nascimento [...]
[…] Tragedia do Marquez de Mantua, e do Imperador Carlos Magno. Lisboa, por Domingos Carneiro
1665. 4.°
Esta intitulada Tragedia
de que ha varias reimpressões posteriores, foi ultimamente incluida pelo V.
de Almeida Garrett no tomo III do seu Romanceiro […]. Ahi se emitte a
opinião de que esta versão portugueza de um romance originalmente francez ou
provençal, data dos fins do seculo XIV, ou quando muito dos principios do
seculo XV. Se assim for, não seria por certo de Balthasar Dias, e erradamente
lhe andava attribuida pelos nossos bibliographos; o que todavia o illustre
critico parece ignorar, pois que nem palavra diz de Balthasar Dias, nem de que
a obra andasse jamais em nome d’este.
Bem desejara eu aclarar melhor o que diz respeito a este antigo poeta, cujas
producções, ou suas, ou attribuidas, são tão conhecidas e vulgares, quanto são
ignoradas as suas circumstancias pessoaes, e a epocha precisa, e certa em que
viveu: – e tambem verificar se além das edições que ficam apontadas, extrahidas
da Bibl. Lus., e repetidas no Catalogo da Academia, ha outras
mais anteriores, como parece provavel, se o auctor viveu na epocha que se diz […].
O que é innegavel, sejam ou não de Balthasar Dias essas obras que andam em seu
nome, é que ellas tem tido (se não todas a maior parte) repetidas
reimpressões: e que apesar dos erros de que andam cheias que muitas vezes
desfiguram o sentido, tem toques tão nacionaes, e tão gostosos para o povo, que
ainda hoje são procuradas e lidas tanto em Lisboa como nas provincias. […]»
«[…] O que sim me causou e causa ainda extranheza é, que o Visconde de Almeida‑Garrett,
apezar da sua vasta e peregrina erudição, e de tão lido como era nas nossas
cousas, mostrasse ignorar que houvera em Portugal um Balthasar Dias, e que a Bibl.
Lusitana dava sob o seu nome, entre outras composições, o celebrado Marquez
de Mantua! Custa a crer, mas é
verdade. […]»
Segundo a página electrónica do Instituto Camões, em 2017, 25 de Maio:
«[…]
Tchiloli – A Tragédia do Imperador Carloto Magno e do Marquês de Mântua.
[…] Baseado no texto quinhentista do poeta madeirense Baltasar Dias, julga-se
que o Auto do Tchiloli e o hábito do [sic] [de o] representar terão sido
trazidos para São Tomé pelos mestres dos engenhos de açúcar para aqui [sic] [aí]
deslocados. No entanto, ao longo dos tempos, a população local apropriou-se
desta representação, construindo um espe[c]táculo seu, onde está presente a
cultura santomense.
Esta tragédia, naturalmente representada em pequenos terreiros das comunidades,
conta a história do homicídio cometido pelo Príncipe Dom Carloto, que
assassinou o seu amigo Valdevinos, por cobiçar a sua mulher. Perante este
acontecimento, o Marquês de Mântua, a cuja corte pertencia a Valdevinos, exige
justiça sob pena de desencadear uma guerra que pode levar à desagregação do
Império. O pai do Príncipe Dom Carloto, o Imperador Carlos Magno vê-se assim
perante o dilema de fazer justiça e condenar o filho ou entrar em conflito com
o Marquês de Mântua e desencadear um conflito.
Uma tragédia feita de ódios, calúnias, traições, paixões e conflitos morais […]»