CUSTÓDIO LOSA [MAJOR DISSIDENTE]
capa de E. Medeia
Lisboa, 1979
Edições Antígona
1.ª edição [única]
210 mm x 110 mm
52 págs. + 1 folha em extra-texto
capa perfurada como as caixas-brinde de uma empresa chocolateira da época
exemplar como novo
27,00 eur (IVA e portes incluídos)
Trata-se do livro de abertura no catálogo de um conhecido editor de Santarém
estabelecido na capital. Diz o «Prefácio dos Editores», logo nas primeiras
páginas, que o respectivo original desta Declaração de Guerra terá sido
apanhado do chão num bar rasca do Cais do Sodré, e que, dada a natureza «radical»
do mesmo, logo o apadrinharam como farol do que viria a ser a marca
linguaruda das Edições Antígona. E mais diz ao que vinha esta Antígona: «[…]
Nunca demos especial importância à cultura […]. Seria, porém, um purismo
infantil, não utilizar a arma do livro (uma mercadoria como outra qualquer)
para publicitar as experiências de corte radical com este mundo. Só realizando
a mercadoria se pode superá-la e só superando-a se pode realizá-la. […]» E assim
sendo, servindo-se à larga da anti-cultura, nunca mais, até aos dias de hoje, o
conhecido editor das Edições Antígona parou de «realizar a mercadoria», enquanto
espera o milagre económico da sua «superação». Se, na altura, em vez de livros,
tivesse optado por tampas de panelas, ou o fabrico de cartuxos com pólvora seca,
o resultado, em termos de oposição subversiva aos «aparelhos repressivos do
Estado», teria, necessariamente, sido idêntico. Faltou-lhes, aos “editores” da
Antígona perceber que a publicação de livros dissidentes, «(uma mercadoria como
outra qualquer)», apenas serve de registo e sinal de existência de um diverso
modo de estar no mundo: a lenta e insinuante superação da vida quotidiana no
seio do capitalismo. Não existindo – porque não existe mesmo – marginalidade nas
sociedades com economias de mercado, convém não pôr a carroça à frente das bestas.